Header Ads

ONG arrecada fundos para criar Casa de Acolhimento LGBT+ em Manaus

A ideia é abrigar lésbicas, gays, travestis e transexuais expulsos de casa e abandonados pela família e ressocializá-los na sociedade.

Ser colocado para fora de casa pela própria família pelo simples fato de ser LGBT+, devido à orientação sexual ou por ser transgênero. Esta é uma realidade vivida diariamente por diversas pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais em todo o País, inclusive em Manaus. Entretanto, um novo projeto desenvolvido na capital amazonense pretende mudar esta situação através da criação da Casa de Acolhimento LGBT+.

A iniciativa, promovida pelo coletivo Manifesta LGBT+, busca angariar recursos através de uma campanha e, assim, criar um abrigo para acolher LGBTs abandonados na rua, similar ao que já acontece em casas de acolhimento do Rio de Janeiro e São Paulo. Se sair do papel, esta será a primeira casa deste tipo da região Norte. Além disso, o projeto buscará ressocializar e capacitar tal público para o mercado de trabalho, bem como dispor de assistência social, jurídica e psicológica.

“É uma realidade comum em Manaus. A gente já tinha contato de pessoas que estavam sendo desabrigadas, mas quando chega mais perto do nosso círculo social a gente começa a tomar uma atitude”, explicou Gabriel Mota, presidente do coletivo Manifesta e gerente do projeto. “Desde fevereiro estávamos amadurecendo a ideia e agora, de junho para julho, conseguimos desenvolver, fazer orçamento, etc.”

Ainda na fase de campanha para arrecadação de fundos, a Casa de Acolhimento LGBT+ não tem endereço certo, mas deve funcionar em uma residência alugada no Centro, devido à proximidade com órgãos que lidam com direitos humanos. “Também pensamos em um espaço para pessoas que não estarão em acolhimento, morando conosco, mas que possam ir lá fazer uma refeição ou ter um atendimento psicológico”, explicou Mota.

Vulnerabilidade

O projeto foi criado com prazo e orçamento para durar um ano. Após esse período, a gerência da Casa pode ser transferida para o poder público. “Estamos fazendo o que o Estado deveria fazer. Vai ser a primeira casa de acolhimento da região Norte e vai gerar um precedente. Queremos que o Estado crie um centro de referência LGBT. Mas se não der certo, nós mesmos vamos renovar a campanha e continuar arrecadando fundos”.

A princípio, no primeiro ano da Casa de Acolhimento, devem ser abrigados entre seis a 16 LGBTs no período de três a seis meses cada. “Já estamos cadastrando pessoas em vulnerabilidade social dormindo na casa de outros por serem LGBT+. Já temos duas mulheres trans nessa situação e estipulamos de três a seis meses para o abrigo, porque é o tempo para entrar com a assistência psicológica, social, jurídica, fazer capacitação e reinserir elas na sociedade. Não queremos fazer assistencialismo por assistencialismo, só dando as coisas. Vamos ensiná-las a serem autônomas e donas da própria vida”, disse.

Parcerias e doações

Para fundar a casa, o coletivo Manifesta estipulou uma meta de arrecadar cerca de R$ 100 mil para garantir o aluguel do imóvel por um ano, valor que pode ser alterado conforme a quantidade de doações. “A parte de doações de coisas que a casa precisa está encaminhada 60%. O orçamento da casa que é o mais pesado. O valor inicial estava em R$ 105 mil, mas esse valor pode cair conforme as doações forem chegando”, disse Gabriel Mota.

“Já conseguimos eletrodomésticos, informática, material de higiene, mobília, colchões, cama/mesa/banho, utensílios de cozinha e também fechamos material de limpeza para um ano. E estamos buscando alimentos e provavelmente vamos fechar parceria com algum supermercado”, comemorou o presidente do Manifesta.

Entre as instituições parceiras do projeto estão a Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc) e a Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Direitos Humanos (Semmasdh). “A gente está parceria com movimentos sociais e estamos buscando parceria com o Senac, com a Semtrad (Secretaria Municipal do Trabalho e Desenvolvimento Social) e com o Cetam (Centro de Educação Tecnológica do Amazonas) para capacitar essas pessoas”, disse.

Além disso, o projeto conta com voluntários. “Já temos 60 profissionais inscritos como voluntários. Essas pessoas se comprometeram em doar três horas semanais para a casa. Por exemplo, se eu sou professor de auxiliar administrativo, eu posso abrir uma turma de duas vezes na semana e dar aula lá. Temos vagas para quem quiser ser professor voluntário de manicure, cabeleireiro, idiomas e outros”, explicou Gabriel Mota.

Lista de espera

Devido à alta demanda de LGBTs desabrigados, Gabriel Mota acredita na possibilidade de se criar lista de espera para a Casa de Acolhimento. “É algo muito real a saída dessas pessoas de casa. Vai ter gente que, por exemplo, em três meses conseguiremos fazer alguma coisa, e outras vão demorar mais. Isso vai depender também do espaço que conseguiremos. É um trabalho extremamente difícil. Queremos que essas pessoas voltem para o seio familiar e que sejam inseridas no mercado de trabalho”.

Como doar

Para quem quiser contribuir, pode doar alimentos e materiais através deste link https://docs.google.com/spreadsheets/d/1JJkh1ciKxaUd9y1uTjmq1dz4g6jyhZmHwQjPvifDCcs/edit ou depositar qualquer valor na página da Casa de Acolhimento no site de financiamento colaborativo Vakinha https://www.vakinha.com.br/vaquinha/casa-de-acolhimento-lgbt-manaus/contribua.


Do A Crítica

Tecnologia do Blogger.